Trazemos, lá de 2008, este habitáculo projetado por Sou Fujimoto, inserido em um entorno natural em Kumamoto, Japão. Aqui a arquitetura foi concebida apenas pelo empilhamento intuitivo de blocos de madeira de 350mm de seção.
Normalmente, na arquitetura de madeira, os cortes das peças são feitos em função do uso e da localização dos elementos: colunas, vigas, fundações, paredes, pisos, forros, escadas, marcos de janelas, portas, etc. É um material extremamente versátil.
“A madeira é de fato tão versátil, que pensei: por que não criar uma arquitetura em que uma regra, cumpre todas essas funções. Vislumbrei a criação de uma nova espacialidade que preservasse condições primitivas de uma entidade harmoniosa, ao invés de várias funções e papéis diferenciados.”
Aqui não há separações de piso, parede e teto. Um lugar que se pensava que era um piso torna-se uma cadeira, um teto, uma parede. Os níveis de piso são relativos e a espacialidade é percebida de diferentes formas, de acordo com a posição do observador. As pessoas se distribuem em três dimensões no espaço. Este lugar é como uma paisagem amorfa que proporciona uma nova experiência com várias sensações de distâncias. Ao invés de ser induzido, o habitante descobre as várias funcionalidades deste sistema.
Este bangalô já não se encaixa na categoria arquitetura de madeira. Se a arquitetura de madeira é simplesmente algo feito de madeira, então a madeira em si mesma supera os procedimentos da arquitetura, aqui, para transformar-se um ”lugar onde as pessoas vivem”. É uma existência com condições primitivas, anteriores à arquitetura. Ao invés de apenas uma nova arquitetura, esta é uma nova origem, uma nova existência.
Informação Complementar:
- Consultoria estrutural: Jun Sato Structural Engineers
- Iluminação: Hirohito Totsune
- Construtor: Tanakagumi Construction